
Manhã
Se da rua ouves um energético chilrear e a luz do sol insiste entrar pela janela do teu quarto é porque é hora de acordar. Na Cidade do Panamá o dia começa cedo. Toma um pequeno-almoço reforçado com bastantes líquidos (o teu corpo agradece) e prepara-te para um dia nesta agitada cidade da América central.
Começa por uma caminhada pela cinta costera (tendo o mar do teu lado esquerdo), que acompanha aAvenida Balboa com vista para o Pacífico. O verde que acompanha este passeio atrai muita gente nos seus percursos diários (e aumenta ao fim-de-semana), seja para uma corrida, passear com as crianças ou um ou outro viajante a contemplar a paisagem que o rodeia – como tu. Aproveita para observares além da paisagem envolvente as pessoas que passam por ti, e abraça a multiculturalidade e o ritmo latino deste país plantado entre o Atlântico e o Pacífico, este istmo que liga as Américas do Norte e do Sul.

Caminha até o Mercado do Marisco, que passas, e entra no bairro típico e mais cool da cidade chamadoCasco Viejo. Neste momento olha para trás onde ainda consegues ver a linha no horizonte coberta de arranha-céus. Deixas a modernidade e entras agora em ruas recheadas de história e edifícios coloniais.
Casco Viejo, por vezes também chamado de “Casco Antiguo” ou mesmo “San Felipe” é o distrito histórico desta capital, construído no século XVII quando a antiga cidade do Panamá (agora chamada de “Panama Viejo“) foi atacada e destruída por piratas.
Esta zona histórica da cidade está cheia de vibrantes cafés e esplanadas, algumas com vista para o mar. Há ainda grande variedade de lojas que vendem os originais panamás (e algumas também outrossouvenirs a pensar nos turistas), produto 100% panameño. Se não tens chapéu aproveita para encontrares aqui um à tua medida e de acordo com o teu budget, já que o dia provavelmente vai ser quente (dica útil: lembra-te como é que eles fazem para dobrar o chapéu sem o danificar nem amarrotar, vai dar muito jeito se continuares viagem com ele).

Corre as ruas do Casco Viejo e as suas praças. Admira as fachadas nos diferentes estilos que incluem o francês, espanhol colonial, arte deco e até o caribenho, e ainda as igrejas históricas. Entra nas mercearias, pára para espreitares um café ou outro.
Vais ver partes deste bairro que ainda não estão reconstruídas e ver alguma pobreza, que contrasta com a imponência de alguns edifícios com cara lavada (desde 1997 este bairro é considerado património mundial pela UNESCO e os resultados são visíveis).
Passa pela Plaza de la Independencia também conhecida como Plaza Catedral onde em 1903 se declarou a independência do Panamá da Colômbia (e anteriormente de Espanha). Olha à tua volta e imagina esta praça cheia de pessoas a festejarem a independência do seu país no século passado. Ainda nesta praça podes ver a Catedral, o Palácio Municipal, o Museu do Canal e ainda o outrora ícone Hotel Central.
Daqui, segue pela Avenida A em direcção ao Paseo Esteban Huertas, segue Las Bóvedas e aprecia a vista até à Plaza Francia (o monumento na praça foi construído em memória dos 22.000 franceses que morreram na construção do Canal do Panamá). No passeio junto ao mar vais conseguir ver um edifício colorido ao longe, obra do aclamado arquitecto Frank Gehry. Trata-se do Biomuseo, o Museu da Biodiversidade que está localizado na Calzada de Amador (outro passeio interessante caso fiques mais dias pela cidade).
Almoço
A esta hora o teu estômago já deve estar a dar horas. Segue para o início do Casco Viejo, por onde começaste este passeio histórico até veres o Mercado do Marisco novamente, ao lado da Avenida Balboa. Entra e dá uma volta pelas bancadas preenchidas por uma grande variedade de peixes e mariscos. Aqui respira-se mar. Podes comprar ceviche fresco e ao melhor preço da cidade, por apenas cerca de 2,5 dólares ou balboas. Caso nunca tenhas provado, o ceviche é peixe ou marisco marinado em sumo de limão ou lima, alho e outros temperos e é uma das iguarias do Panamá.

Se te apetecer uma das iguarias aqui exibidas (aquelas lagostas estavam mesmo a sorrir para ti), estás com sorte: poderás escolher o teu marisco e levá-lo para o restaurante no andar de cima onde o poderão cozinhar e servir por cerca de 8 dólares. Alternativamente, escolhe um dos pratos no menú do restaurante. Ou vários. E acompanha com uma Balboa ou Panama fresquinha, duas cervejas nacionais.
Se peixe ou marisco não é a tua onda (ou se te aconteceu chegares ao mercado na primeira segunda-feira do mês quando fecham para limpeza), há uma alternativa bem perto que é bem menos turística e consideravelmente mais barata. Saindo pela entrada principal do Mercado do Marisco atravessa a estrada para o outro lado e segue a Avenida Balboa até esta se cruzar com a Calle 15 Este (ou pela Av. Eloy Alfaro até de cruzar com a Calle 15 Este) – irás ver um edifício chamado “Mercado Público San Felipe Neri” (na dúvida, pergunta sempre).
Numa das salas encontrarás várias mesas e à sua volta várias áreas com vendedores de refeições onde poderás escolher entre várias comidas típicas, normalmente a acompanhar com arroz e feijão. Opta entre comer aqui ou takeaway. Podes visitar ainda outras áreas de mercado mais tradicionais, onde vendem de tudo um pouco. E fica o aviso de que é preciso estômago para entrar na parte das carnes (o calor não ajuda).
Tarde
Prepara-te para o espectáculo mais famoso do Panamá: o Canal do Panamá. Depois de um almoço de marisco, nada como uma caminhada até à estação de metro mais próxima: 5 de Mayo. Do mercado do marisco atravessa a estrada, segue a Cinta Costera (para o lado oposto de que vieste de manhã) e caminha até veres a estação 5 de Mayo.
Vai observando as ruas. Vais passar por um barbeiro “de rua” onde os homens locais estão a ser atendidos e poderás ver o processo todo. Como alguns têm cara quem não gosta de ser observado durante o corte de cabelo, evita tirar aquela foto que te apetece mesmo muito agora.
Se ainda não tens um cartão do metro e metrobus agora é hora de comprá-lo. Se viajas com alguém não precisas comprar vários cartões – compra apenas um e carrega-o com uma quantia suficiente para passar uma vez por viagem por cada passageiro. Daqui de 5 de Mayo apanha o metro para Albrook. Repara no letreiro à entrada das escadas rolantes – se estiveres a usar crocs, por favor, usa as escadas tradicionais.

Em Albrook caminha até à estação de autocarros. Entrar na estação de Albrook é uma experiência por si só: vale a pena gastar algum tempo a observar a variedade de pintura dos autocarros típicos (que também vamos vendo a passar na cidade), chamados carinhosamente de “diablos rojos“. Estes autocarros são pintados de forma colorida, cada um à sua maneira e normalmente retratando actores famosos, políticos, cantores ou algo do foro religioso. A decoração – interior e exterior – de cada diablo rojo é feita pelo seu condutor (repara que à noite se conseguem ver bem os neons a piscar que muitos deles ostentam). Podes sorrir de satisfação que é agora que vais andar num destes!
Segue até ao terminal onde se apanham os autocarros para Miraflores. Quando entrares, confirma com o motorista que o autocarro pára em Miraflores (no Canal) e pede que te avise quando for a tua paragem. Como nunca é demais, pede à pessoa mais perto de ti no autocarro que te indique quando estiverem a chegar ao teu destino. Memoriza o trajecto para o fazeres no regresso.
A entrada no centro de visitantes do Canal do Panamá custa 15$, os quais inicialmente te podem custar a abrir mão, mas se tiveres a oportunidade de observar algum barco a entrar ou sair do canal (é quase certo que sim) vais perceber que é realmente algo extraordinário para se assistir. Repara no nível de água a subir e a descer e a complexidade (e genialidade) de todo o processo. Entretanto terás tempo para uma ou outraselfie com o canal por trás. É realmente uma grande obra de engenharia sobre a qual vais poder aprender, bem como a sua história caso decidas ir ver o museu e até mesmo o filme (a que também tens direito quando compras o bilhete de entrada).
Noite
Regressa a Casco Viejo, seja novamente num exuberante diablo rojo ou alternativamente de taxi (negoceia sempre o preço antes – apesar de terem tarifas fixas porque não usam o taxímetro, às vezes tentam subir os preços para os turistas; isto serve para todas as viagens de taxi dentro e fora da Cidade do Panamá). Já no vivaço bairro antigo, dirige-te à Calle 8 da Avenida B, entra no Hotel Tántalo e sobe ao rooftop.
Senta-te e desfruta aquela bebida fresca que te estava mesmo a apetecer (vai um mojito de maracujá?), com uma das melhores vistas da Cidade do Panamá. Relaxa até o sol se pôr e paisagem urbana mudar para o seu modo noturno, e admira o skyline da cidade no horizonte.

Para jantar desce ao primeiro piso onde tens o Tántalo Kitchen, um restaurante com uma decoração muito divertida e com um menu criativo que reflecte a variedade e o mix de influências com que se caracteriza a cozinha Panamenha.
Depois, a noite é tua (e ainda uma criança)! Desce ao outro bar do hotel ou sobe novamente ao rooftoppara mais um cocktail. Porque não experimentar o de algodão doce?
Se és mais fã de cerveja, é uma boa altura para experimentares a melhor cerveja artesanal da cidade. Sai do hotel, vira à esquerda e segue pela Av. Eloy Alfaro e procura La Rana Dorada. Entra e escolhe uma das 4 cervejas da casa, ou se estás na dúvida pede uma degostação antes de elegeres a tua favorita.

Não podes terminar a tua visita à capital do Panamá sem um pézinho de dança. Se ainda é cedo procura o Gatto Blanco, um rooftop na mesma rua que o Tántalo Rooftop onde estiveste antes, para música ao vivo e, quem sabe, mais um cocktail. Mas para dançar a sério tens de ir ao Habana Panama (na rua Eloy Alfaro com a rua 12, aqui perto), um bar/discoteca giríssimo de música cubana decorado ao estilo dos anos 50 e um ícone na cidade do Panamá. É paragem obrigatório para os amantes da música latina e de salsa, com música ao vivo e bailarinos de fazer inveja. Prepara-te para muito ritmo, dança, suor e esperemos que uma noite inesquecível.
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